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Plantas Além da Cannabis que Interagem com o Sistema Endocanabinoide: Uma Nova Perspectiva da Biodiversidade dos Cannabinoides

Plantas Além da Cannabis que Interagem com o Sistema Endocanabinoide: Uma Nova Perspectiva da Biodiversidade dos Cannabinoides

Plantas Além da Cannabis que Interagem com o Sistema Endocanabinoide: Uma Nova Perspectiva da Biodiversidade dos Cannabinoides

O sistema endocanabinoide (SEC) é um complexo mecanismo de sinalização celular, presente em mamíferos e outros animais, que regula funções essenciais como humor, apetite, sono, dor, inflamação e memória. Tradicionalmente, a Cannabis sativa é a fonte mais conhecida de fitocanabinoides, como o THC e o CBD, que interagem com os receptores canabinoides do SEC. Contudo, pesquisas recentes têm demonstrado que diversas outras plantas – e até alguns fungos e hepáticas – produzem compostos capazes de modular este sistema de maneiras surpreendentes. Este artigo explora essas descobertas, ampliando nossa visão sobre a diversidade biológica dos canabinoides e seus análogos.


Introdução ao Sistema Endocanabinoide

O SEC é formado por receptores (CB1 e CB2), endocanabinoides (como anandamida e 2-AG) e enzimas que regulam sua síntese e degradação. Essa rede complexa é fundamental para a manutenção do equilíbrio fisiológico e responde à presença de substâncias exógenas – os fitocanabinoides – presentes em plantas. Embora a Cannabis sativa seja a fonte clássica desses compostos, novos estudos revelam que outros organismos também sintetizam moléculas com ação semelhante, abrindo possibilidades para terapias alternativas e fontes legais de canabinoides.


Plantas e Organismos que Interagem com o SEC

A seguir, detalhamos algumas das espécies e organismos que, além da Cannabis, produzem compostos capazes de modular o sistema endocanabinoide:

1. Trema micranthum (Ameixeira-brava)

Pesquisadores da UFRJ identificaram a presença de CBD nos frutos e flores da Trema micranthum, conhecida popularmente como ameixeira-brava.

  • Diferencial: Ao contrário da Cannabis, essa planta não contém THC, eliminando os efeitos psicoativos.
  • Potencial Terapêutico: O CBD extraído da ameixeira-brava pode ser uma fonte alternativa e legal, com efeitos anti-inflamatórios, analgésicos, ansiolíticos e anticonvulsivantes.
  • Perspectiva: Estudos estão em andamento para otimizar a extração deste canabinoide e avaliar sua viabilidade comercial.

2. Echinacea spp. (Equinácea)

Conhecida historicamente pelos seus efeitos medicinais, a equinácea possui alquilamidas que são estruturalmente semelhantes à anandamida.

  • Mecanismo de Ação: Estes compostos interagem com o receptor CB2, promovendo efeitos anti-inflamatórios e imunomoduladores.
  • Aplicação Tradicional: Seu uso no manejo da dor inflamatória e como potencial agente na regulação do sistema imune destaca seu valor terapêutico.

3. Girassol e Parentes (Gênero Helianthus, Helichrysum e Heliopsis)

Embora o girassol comum (Helianthus annuus) não seja uma fonte direta de canabinoides, espécies relacionadas dentro deste gênero demonstram atividades interessantes:

  • Helichrysum: Algumas espécies produzem canabigerol (CBG), um precursor de outros canabinoides.
  • Heliopsis: Contém alquilamidas, semelhantes às encontradas na equinácea, que podem modular a atividade do SEC e contribuir para o alívio da dor.

4. Piper nigrum (Pimenta Preta)

A pimenta preta é uma especiaria mundialmente conhecida que, além de suas propriedades culinárias, interage com o SEC por meio de compostos como:

  • Guineensina: Inibe a recaptação de endocanabinoides, aumentando seus níveis e potencializando efeitos anti-inflamatórios e analgésicos.
  • Beta-cariofileno (BCP): Atua como um agonista seletivo do receptor CB2, contribuindo para a modulação da resposta inflamatória.

5. Tuber melanosporum (Trufa Negra)

As trufas negras, além de serem ingredientes valorizados na gastronomia, surpreendem por conter:

  • Endocanabinoides Naturais: Estudos identificaram a presença de anandamida, bem como enzimas que regulam seu metabolismo.
  • Hipóteses Evolutivas: A presença de anandamida pode atrair animais para a dispersão dos esporos e estar relacionada a processos como a síntese de melanina.

6. Theobroma cacao (Cacau)

O cacau é conhecido por seus efeitos no humor e bem-estar, influenciando o SEC por meio de:

  • NAEs e Anandamida: O cacau naturalmente contém anandamida e outras N-aciletanolaminas, que podem interagir com os receptores canabinoides, embora em concentrações baixas.
  • Inibição Enzimática: Ácidos graxos presentes no cacau podem inibir a FAAH, prolongando os efeitos da anandamida e contribuindo para a sensação de prazer e melhora do humor.

7. Acmella oleracea (Jambu)

Popularmente conhecido como Jambu ou Agrião-do-Pará, esta planta amazônica é famosa por causar uma leve sensação anestésica:

  • Espilantol: Principal composto ativo, atua como canabimimético interagindo com os receptores CB1 e CB2, contribuindo para seus efeitos analgésicos e anestésicos.

8. Piper methysticum (Kava)

A Kava, ou Kava-Kava, possui cavalactonas com potencial de interagir com o SEC:

  • Yangonina: Um dos compostos que se liga ao receptor CB1, proporcionando efeitos relaxantes e ansiolíticos.
  • Cuidado Necessário: Embora promissora, a Kava deve ser utilizada com cautela devido a relatos de hepatotoxicidade em alguns casos.

9. Arruda da Síria (Peganum harmala)

Tradicionalmente conhecida por seus alcaloides, a arruda-da-síria também tem despertado interesse devido à possível presença de canabidiol (CBD).

  • Composição Complexa: Embora seja amplamente reconhecida por alcaloides como a harmalina e harmalol, estudos recentes sugerem que a Peganum harmala pode conter traços de CBD, ampliando suas propriedades terapêuticas.
  • Interação com o SEC: Essa descoberta potencial indica que a arruda-da-síria pode interagir com o sistema endocanabinoide, contribuindo para a modulação da dor, do humor e da inflamação, embora a quantidade de CBD presente e sua relevância clínica ainda necessitem de investigação aprofundada.
  • Perspectiva Histórica e Terapêutica: A inclusão dessa planta no espectro de fontes canabinoides reforça a diversidade natural dos compostos que atuam sobre o SEC e abre novas perspectivas para o desenvolvimento de terapias que integrem múltiplos ativos vegetais.

10. Rhododendron (Azáleas e Outras Espécies)

Algumas espécies de Rhododendron produzem fitocanabinoides com estruturas peculiares, como:

  • Canabinoides Tipo CBC: Compostos com cadeias laterais específicas que ampliam o espectro de atividade dos canabinoides encontrados na natureza, possuindo potencial anti-inflamatório e antibacteriano.

11. Radula (Hepáticas)

Hepáticas do gênero Radula, como a Radula marginata, surpreendem por sintetizar:

  • Perrotetinena (PET): Um canabinoide bibenzílico que, embora estruturalmente diferente do THC, atua como agonista dos receptores CB1, apresentando efeitos psicoativos e propriedades anti-inflamatórias.
  • Diversidade Química: A descoberta de canabinoides em hepáticas destaca a evolução convergente de moléculas bioativas que interagem com o SEC, expandindo as fronteiras do conhecimento nesta área.

Conclusão

A exploração de plantas, fungos e hepáticas que interagem com o sistema endocanabinoide amplia nossa compreensão não só da biodiversidade dos canabinoides, mas também do potencial terapêutico dessas substâncias. Embora a Cannabis sativa continue sendo a fonte mais estudada, a descoberta de compostos bioativos em espécies como Trema micranthum, Echinacea, Piper nigrum, Peganum harmala (arruda-da-síria) e Radula demonstra que a capacidade de modular o SEC é uma estratégia evolutiva presente em diversas linhagens vegetais e de outros organismos. Essas revelações abrem novas avenidas para o desenvolvimento de terapias inovadoras, possibilitando o uso de fontes alternativas com perfis de segurança e eficácia distintos.

 

 

 

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